terça-feira, 28 de maio de 2013

Filhos do consumo

Por Nanda Correia
O capitalismo emergido da globalização trouxe consigo uma necessidade de consumo que afeta a vida em sociedade. Somos bombardeados a todo momento por propagandas que tentam nos convencer que nosso carro não serve, nosso cabelo esta um lixo, nossa roupa é fora de moda, nosso sapato é da estação passada, nossa casa não serve, nossos móveis não servem, nosso corpo não serve... Criando assim um grande vazio, uma imensa insatisfação e uma sensação de que falta sempre algo para ser feliz. Mas é realmente esse o objetivo da indústria capitalista: criar em nós necessidades que nos levam a consumir sempre mais. O consumismo leva a sociedade a uma deterioração dos hábitos e dos valores tornando  o indivíduo escravo do materialismo, até as relações sociais submetem-se a critérios materiais. A engenhosidade das telecomunicações contribui reforçando a cultura de transformar tudo em produto.
De acordo com pesquisa realizada pela Datafolha em 2010, 80% das crianças têm como principal fonte de lazer assistir à TV. Pela pouca idade as crianças não conseguem discernir conteúdo de mensagem publicitária, o que coloca esses potenciais consumidores do amanha na mira dos profissionais de marketing. Um estudo do IBGE indica que 40% do consumo da família é influenciado pelas crianças, ou seja, na grande maioria das famílias são as crianças que decidem desde o destino das férias até o cardápio do dia. Se um adulto não consegue controlar o impulso de consumir, imagine uma criança (que passa em média 4 horas por dia em frente a TV). Por isso cada vez mais as propagandas utilizam-se de personagens que povoam a imaginação das crianças – polvo grudado em carro, pelúcia que é fã de leite, etc. É só a Disney lançar um filme novo que o mercado é inundado de produtos com os personagens do filme.



O consumo e o trabalho assumiram uma função na identidade do individuo que passou a ser valorizado pela renda que retem, pelos bens que possui e pelos lugares que frequenta. No atual cenário social, deixamos de ser cidadãos com noção dos nossos direitos políticos passando a ser meros consumidores com pouca erudição, já que o conhecimento tem serventia somente quando pode ser transformado em capital imediato. A relação trabalho-capital-consumo nos fez perder a identidade pessoal, passamos a ser identificados pelo que somos (qual a profissão rentável que exercemos) e ou pelo que temos e assim pelo que podemos e queremos consumir. Não estamos longe do tempo em que para confirmarmos nossa identidade não mais usaremos o RG mas sim o IRPF (Imposto de Renda de Pessoa Física) e/ou a Carteira de Trabalho.

2 comentários:

  1. Gostei demais do post, temos que ter muito cuidado, lembro que na minha infância quando víamos algum comercial e pedíamos de presente ouvíamos no natal se vc passar de ano na escola e for bonzinho te daremos de presente, hoje em dia é a toda hora, as crianças nem aproveitam mais pois tudo vem facil demais.

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    1. Fico feliz que tenha gostado! Concordo com você, as crianças acabam crescendo sem limites com toda a facilidade.
      Bjos

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